Se
o livro-reportagem for comparado com uma obra de engenharia, a conclusão do
projeto é análoga à construção do alicerce. Isto posto, o próximo passo é
começar a cimentar as vigas principais, ou seja, começar a fase de pesquisa.
Um
importante tópico de qualquer projeto é a bibliografia. É onde se relacionam
todas as obras consultadas pelo(s) autor(es) que tenham proximidade com o tema.
Costuma ser também o ponto de partida para o aprofundamento no assunto e início
da pesquisa.
Não
existe reportagem sem pesquisa, por menor que seja. Autores consagrados
terceirizam parte dessa tarefa para ganhar tempo. Caco Barcellos é um exemplo.
Outros preferem assumir essa responsabilidade sozinhos. Ruy Castro afirma ler o
máximo possível sobre o tema e a partir daí procurar as pessoas envolvidas com
o projeto de seu livro. Truman Capote afirmou ter lido oito mil páginas de
documentos durante as investigações de A Sangue Frio, além de entrevistar dezenas de pessoas diversas vezes. A
edição brasileira atual tem 432 páginas, ou seja, para cada página que
escreveu, o autor leu vinte!
A
relação bibliográfica do nosso projeto é um ponto forte, caso seja devidamente
relacionada e incorporada na obra final, evidentemente. A viagem do Miguel para
o Acre em 2011 foi sem dúvida o maior diferencial. Ele teve a oportunidade de
freqüentar a Biblioteca Pública de Rio Branco, a Biblioteca da Floresta e de conversar
com dezenas de moradores, líderes locais e acadêmicos. O conhecimento de
aspectos históricos sobre o Acre e a Amazônia garante um entendimento mínimo
das dinâmicas sociais, políticas e econômicas locais.
A
nossa geração tem uma séria dificuldade de filtrar conteúdo. Temos tanta
informação disponível na Internet que fica difícil saber o que é importante e o
que não é. Por isso definir os parâmetros projeto antes é tão importante. Com
certa previsão de como o tema será abordado, fica mais fácil escolher que
caminho percorrer. A confusão durante o processo de produção de uma grande
reportagem vem muitas vezes do excesso de informação.
As
obras históricas dificilmente podem ficar de fora. Em um livro-reportagem os
autores podem e devem utilizar obras teóricas amplas que ajudem na
interpretação de determinados conceitos. Isso não é muito comum no jornalismo
tradicional, que preza pelo profissional genérico e notícias objetivas
fabricadas em velocidade industrial.
Para
esclarecer o assunto segue a nossa bibliografia formatada. Ela pode servir de
referência e está de acordo com as regras da ABNT:
Bibliografia [trecho retirado do projeto]
BENCHIMOL,
Samuel. Amazônia: um pouco-antes e além-depois. Editora Umberto Calderaro.
Manaus – AM, 1977.
CALDAS,
Sérgio Túlio. A caminho do Oeste – do Brasil ao Pacífico sobre rodas. DBA Artes
Gráficas, São Paulo – SP, 2002.
CASTRO,
Genesco de. O Estado Independente do Acre e J. Plácido de Castro: excerptos
históricos. Edição comemorativa ao centenário da Revolução Acreana (1902-2002).
Senado Federal, Brasília – DF, 2002.
CHAROUX,
Ofélia M.G. Metodologia: Processo de produção, registro e relato do
conhecimento. Dvs Editora, São Paulo – SP, 2006.
CARRASCO,
Lorenzo. Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial.. Editora
EIR, Rio de Janeiro – RJ, 2001.
DIOGO
DE MELO, Mário. Do sertão cearense às barrancas do Acre. Edição 5ª. Editora
Preview. Rio Branco – AC, 2008.
FALCÃO,
Emílio. Álbum do Rio Acre 1906-1907. Reedição. Fundação Cultural do Acre, Rio
Branco – AC, 1985.
FERREIRA
DE SOUZA, Raimundo. Arigó. Scortecci Editora. São Paulo – SP, 2004.
FORTES,
Luiz Roberto Salinas. O bom selvagem. Editora FDT, São Paulo-SP, 1989.
GINZBURG,
Carlo. O queijo e os vermes. Companhia das Letras. São Paulo – SP, 1987.
HOBBES,
Thomas. O leviatã. Abril Cultural, São Paulo-SP, 1984.
MARCHESE,
Daniela. Eu entro pela perna direita. Editora Edufac. Rio Branco – AC, 2005.
MARTINELLO,
Sílvio. Corações de borracha. Editora Printac, Rio Branco – AC, 2004.
MARTINS,
Edílson. Chico Mendes: um povo da floresta. Editora Garamond, Rio de Janeiro –
RJ, 1998.
MEIRA,
Augusto. Autonomia acreana. Tipografia da Livraria Escolar. Belém – PA, 1913.
MELO,
Hélio. 1ª cartilha popular: Os mistérios da caça “Do seringueiro para o
seringueiro”. Fundação Cultural do Acre. Rio Branco – AC, 1985.
MELO,
Hélio. 2ª cartilha popular: As experiências do caçador “Do seringueiro para o
seringueiro”. Fundação Cultural do Acre. Rio Branco – AC, 1985.
MELO,
Hélio. O caucho, a seringueira e seus mistérios. Fundação Nacional pró memória,
Brasília – DF, 1984.
MIGUEIS
PASSOS, Raimunda. Crendices consideradas, também, acreanas. Shogun Editora e
Arte LTDA. Rio Branco – AC, 1987.
MORUS,
Thomas. A utopia. Ediouro, Rio de Janeiro-RJ, 1997.
RICUPERO,
Rubens. Rio Branco: O Brasil no mundo. Contraponto, Rio de Janeiro – RJ, 2000.
RODRIGUES,
Gomercindo. Caminhando na floresta. Edufac, Rio Branco - Acre, 2009.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. Abril Cultural, São Paulo-SP, 1983.
ROUSSEAU,
Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens. Abril Cultural, São Paulo-SP, 1983.
SCHMINK,
Marianne; LIMA CORDEIRO, Mâncio. Rio Branco: A cidade da Florestania. Editora
Universitária UFPA. Belém – PA, 2008.
SOUZA,
Márcio. Galvez: Imperador do Acre. Edição 9ª. Civilização brasileira, Rio de
Janeiro – RJ, 1981.
TOCANTINS,
Leandro. Formação histórica do Acre volume 1. Edição 4ª. Senado Federal,
Conselho Editorial, Brasília – DF, 2001.
TOCANTINS,
Leandro. Formação histórica do Acre volume 2. Edição 4ª. Senado Federal,
Conselho Editorial, Brasília – DF, 2001.
VEIGA,
José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Editora
Garamond. Rio de Janeiro – RJ, 2005.
VENTURA,
Zuenir. Chico Mendes: crime e castigo. Companhia das Letras, São Paulo – SP,
2003.
*
Para a elaboração desse post foram
utilizadas referências de BELO, Eduardo. Livro-reportagem.
São Paulo: Contexto, 2006. 139 p.
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