segunda-feira, 14 de maio de 2012

Os primeiros contornos: bibliografia e pesquisa


Se o livro-reportagem for comparado com uma obra de engenharia, a conclusão do projeto é análoga à construção do alicerce. Isto posto, o próximo passo é começar a cimentar as vigas principais, ou seja, começar a fase de pesquisa.
           
Um importante tópico de qualquer projeto é a bibliografia. É onde se relacionam todas as obras consultadas pelo(s) autor(es) que tenham proximidade com o tema. Costuma ser também o ponto de partida para o aprofundamento no assunto e início da pesquisa.

Não existe reportagem sem pesquisa, por menor que seja. Autores consagrados terceirizam parte dessa tarefa para ganhar tempo. Caco Barcellos é um exemplo. Outros preferem assumir essa responsabilidade sozinhos. Ruy Castro afirma ler o máximo possível sobre o tema e a partir daí procurar as pessoas envolvidas com o projeto de seu livro. Truman Capote afirmou ter lido oito mil páginas de documentos durante as investigações de A Sangue Frio, além de entrevistar dezenas de pessoas diversas vezes. A edição brasileira atual tem 432 páginas, ou seja, para cada página que escreveu, o autor leu vinte!

A relação bibliográfica do nosso projeto é um ponto forte, caso seja devidamente relacionada e incorporada na obra final, evidentemente. A viagem do Miguel para o Acre em 2011 foi sem dúvida o maior diferencial. Ele teve a oportunidade de freqüentar a Biblioteca Pública de Rio Branco, a Biblioteca da Floresta e de conversar com dezenas de moradores, líderes locais e acadêmicos. O conhecimento de aspectos históricos sobre o Acre e a Amazônia garante um entendimento mínimo das dinâmicas sociais, políticas e econômicas locais.

A nossa geração tem uma séria dificuldade de filtrar conteúdo. Temos tanta informação disponível na Internet que fica difícil saber o que é importante e o que não é. Por isso definir os parâmetros projeto antes é tão importante. Com certa previsão de como o tema será abordado, fica mais fácil escolher que caminho percorrer. A confusão durante o processo de produção de uma grande reportagem vem muitas vezes do excesso de informação.

As obras históricas dificilmente podem ficar de fora. Em um livro-reportagem os autores podem e devem utilizar obras teóricas amplas que ajudem na interpretação de determinados conceitos. Isso não é muito comum no jornalismo tradicional, que preza pelo profissional genérico e notícias objetivas fabricadas em velocidade industrial.

Para esclarecer o assunto segue a nossa bibliografia formatada. Ela pode servir de referência e está de acordo com as regras da ABNT:

Bibliografia [trecho retirado do projeto]

BENCHIMOL, Samuel. Amazônia: um pouco-antes e além-depois. Editora Umberto Calderaro. Manaus – AM, 1977.

CALDAS, Sérgio Túlio. A caminho do Oeste – do Brasil ao Pacífico sobre rodas. DBA Artes Gráficas, São Paulo – SP, 2002.

CASTRO, Genesco de. O Estado Independente do Acre e J. Plácido de Castro: excerptos históricos. Edição comemorativa ao centenário da Revolução Acreana (1902-2002). Senado Federal, Brasília – DF, 2002.

CHAROUX, Ofélia M.G. Metodologia: Processo de produção, registro e relato do conhecimento. Dvs Editora, São Paulo – SP, 2006.

CARRASCO, Lorenzo. Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial.. Editora EIR, Rio de Janeiro – RJ, 2001.

DIOGO DE MELO, Mário. Do sertão cearense às barrancas do Acre. Edição 5ª. Editora Preview. Rio Branco – AC, 2008.

FALCÃO, Emílio. Álbum do Rio Acre 1906-1907. Reedição. Fundação Cultural do Acre, Rio Branco – AC, 1985.

FERREIRA DE SOUZA, Raimundo. Arigó. Scortecci Editora. São Paulo – SP, 2004.

FORTES, Luiz Roberto Salinas. O bom selvagem. Editora FDT, São Paulo-SP, 1989.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. Companhia das Letras. São Paulo – SP, 1987.

HOBBES, Thomas. O leviatã. Abril Cultural, São Paulo-SP, 1984.

MARCHESE, Daniela. Eu entro pela perna direita. Editora Edufac. Rio Branco – AC, 2005.

MARTINELLO, Sílvio. Corações de borracha. Editora Printac, Rio Branco – AC, 2004.

MARTINS, Edílson. Chico Mendes: um povo da floresta. Editora Garamond, Rio de Janeiro – RJ, 1998.

MEIRA, Augusto. Autonomia acreana. Tipografia da Livraria Escolar. Belém – PA, 1913.

MELO, Hélio. 1ª cartilha popular: Os mistérios da caça “Do seringueiro para o seringueiro”. Fundação Cultural do Acre. Rio Branco – AC, 1985.

MELO, Hélio. 2ª cartilha popular: As experiências do caçador “Do seringueiro para o seringueiro”. Fundação Cultural do Acre. Rio Branco – AC, 1985.

MELO, Hélio. O caucho, a seringueira e seus mistérios. Fundação Nacional pró memória, Brasília – DF, 1984.

MIGUEIS PASSOS, Raimunda. Crendices consideradas, também, acreanas. Shogun Editora e Arte LTDA. Rio Branco – AC, 1987.

MORUS, Thomas. A utopia. Ediouro, Rio de Janeiro-RJ, 1997.

RICUPERO, Rubens. Rio Branco: O Brasil no mundo. Contraponto, Rio de Janeiro – RJ, 2000.

RODRIGUES, Gomercindo. Caminhando na floresta. Edufac, Rio Branco - Acre, 2009.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. Abril Cultural, São Paulo-SP, 1983.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Abril Cultural, São Paulo-SP, 1983.

SCHMINK, Marianne; LIMA CORDEIRO, Mâncio. Rio Branco: A cidade da Florestania. Editora Universitária UFPA. Belém – PA, 2008.

SOUZA, Márcio. Galvez: Imperador do Acre. Edição 9ª. Civilização brasileira, Rio de Janeiro – RJ, 1981.

TOCANTINS, Leandro. Formação histórica do Acre volume 1. Edição 4ª. Senado Federal, Conselho Editorial, Brasília – DF, 2001.

TOCANTINS, Leandro. Formação histórica do Acre volume 2. Edição 4ª. Senado Federal, Conselho Editorial, Brasília – DF, 2001.

VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Editora Garamond. Rio de Janeiro – RJ, 2005.

VENTURA, Zuenir. Chico Mendes: crime e castigo. Companhia das Letras, São Paulo – SP, 2003.

* Para a elaboração desse post foram utilizadas referências de BELO, Eduardo. Livro-reportagem. São Paulo: Contexto, 2006. 139 p.

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